domingo, 14 de setembro de 2008

Uma educação, uma sociedade

Quando abordamos o tema da educação, é leviano cingir-nos única e exclusivamente às suas repercussões mais óbvias como a formação, a informação e ao posterior mercado de trabalho. É muito mais que isso, pois abrange toda a sociedade, a sua moldura, a sua identidade, a transmissão dos seus valores, o seu futuro.

Um governo deve investir fortemente na instrução da sua população como via para o progresso e prosperidade, fazendo uso, quando preciso, da sua reforma. Esta não deve obedecer a medidas populistas ou eleitorais mas realistas e eficientes ainda que fracturantes. Não deve existir receio de dar um passo à frente ainda que professores queiram prendê-lo com dogmas, porque por vezes, embora sejam professores acarretando com tudo o que isso significa, não se libertaram de uma cultura de comodismo e intocabilidade do seu estatuto. Uma educação pressupõe avaliação, esta pode ser justa ou injusta, tal como a dos alunos, mas é necessária.

Numa era de economia globalizada e tecnológica, as habilitações e conhecimento assumem um papel cada vez mais preponderante, com critérios cada vez mais exigentes. Trabalhos precários já fazem parte da rotina de vários licenciados, transparecendo a dificuldade de ingressarem na profissão para a qual tanto estudaram. Já não é preciso apenas estudar, é também necessário aliar esse factor à qualidade, carácter, e também sorte (sempre necessária em tudo). Como evitar que Call Centers absorvam diplomas? A resposta é óbvia, mas é mais que isso. É a formação de mão-de-obra especializada produtiva que atraia empresas em busca desta (e não da mão-de-obra precária) mas também a formação de um espírito empreendedor no educando que o permita encarar o futuro com maior confiança e com menor receio de novos códigos laborais. São necessárias Novas Oportunidades, Dia do diploma e de prémios de mérito nas escolas secundárias, subsídios, informatização do ensino, abertura de cursos técnicos e porque não ensino obrigatório até ao 12º? São necessários incentivos que atraiam a população ao saber.

Concordo que o governo tem trabalhado nesse sentido, mas talvez devesse aplicar mais esforços nas zonas mais problemáticas onde nem sempre o dinheiro e o apoio compensa a compra de livros bem inflacionados, (e já agora que reformule os critérios do SASE, porque alunos que entram na escola com bons carros ou boas roupas, devem abdicar desse apoio em prol de outros). Educar os mais carenciados não só significa auferir dos benefícios já enunciados mas também representa uma luta inteligente contra o crime e outras fugas problemáticas à pobreza.

Com mais educação, a população agradece, o governo agradece, o espírito agradece.

domingo, 24 de agosto de 2008

Como uma janela...



Quando abro uma janela e vislumbro a lua, as estrelas e a imensidão do Universo, ocorre-me que somos pequenos átomos destituídos de qualquer importância, de qualquer hierarquia ou de algum estatuto.

O Homem com receio da sua pequenez, cria uma História paralela para que o seu trajecto e os seus feitos não sejam esquecidos, pretendendo para si um antropocentrismo como afirmação do grande ser que é. Contudo está também imbuído do erro, o motor da evolução.

A ciência não é mais que a produção de conhecimento com base na prática experimental, uma verdade absoluta até verificar-se uma crise e uma nova revolução científica que impõe um novo paradigma. Concordo absolutamento com Kuhn. O Mundo está em perfeita transformação e é a humildade de reconhecer o erro e procurar mais conhecimento que nos permite auferir deste progresso incessante.

No século XIX, o médico alemão Emil du Bois-Reymond (1818-1896) já dizia: "ignoramus et ignorabimos" ou "Somos ignontes e continuemos a sê-lo", reiterando aquilo que Sócrates (469-399 a.C.) terá dito há séculos atrás: "Só sei que nada sei". Se os grandes afirmam-no, por alguma razão será. E repare que nunca a ousadia de alguém interpelou esta verdade que parece ser a única: Nada sabemos.

Por essa razão escolhi este nome para o Blog. Sinto-me aberto às minhas falhas para que as possa remediar sempre em busca de mais e novo conhecimento. Como uma janela aberta à lua, às estrelas, ao Universo.



Imagem: Pensador de August Rodin (1840-1917)