quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O sorriso da liberdade...


Por entre notícias e soap operas que nos tentam rotinizar e subjugar perante o quotidiano e o nosso triste destino, por vezes são as efemérides que nos recordam exemplos de luta por valores humanistas como a liberdade ou a igualdade. Refiro-me concretamente à data de 11 de Fevereiro de 1990, quando Nelson Mandela venceu os calabouços e iniciou o princípio do fim do regime de apartheid.

Não quero neste texto me debruçar sobre os anos em que governou a África do Sul, sobre as suas amizades ou sobre outras possíveis polémicas. Quero apenas destacar a sua preserverança, a sua resistência e o seu diálogo no sentido de terminar com a segregação racial e unir as diferenças étnicas em torno de uma bandeira.

É, por isso, que guardo o sorriso da liberdade de Mandela na minha mente sempre que vejo uma situação diária de desigualdade. Nesses momentos de injustiça recordo a Satyagraha de Ghandi e o sonho de Luther King ou mesmo a determinação de Aminetu Haidar. Eles recordam-me quais são os princípios pelos quais me devo reger na minha vida, nos bons e maus momentos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Desabafo


Após mais uma das minhas caminhadas no deserto por força dos meus encargos e responsabilidades de pendor académico, resolvi voltar às lides da blogosfera de que tanto gosto. Aproveito por isso para me queixar. Sim para me lamentar da técnica, da eficiência, da desumanização. É verdade, acreditem, neste texto assumo uma convergência com Arendt: a técnica não permite a actividade puramente humana. Não permite a reflexão, o diálogo, a criação, mas unicamente a atomização social e a sociedade de massa.

Na verdade, esta minha melancolia encerra lágrimas pelo Maquiavelismo, pelo exacerbado pragmatismo, pelo descrédito do idealismo e da vitória dos sentimentos sobre o balanço estatístico da humanidade que não os inclui. Esta minha tristeza encerra lágrimas pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, pelas agências de rating, pelo congelamento dos salários da função pública ainda que existam gestores públicos pagos a peso de ouro, pelo diálogo político de fachada, pelo consumismo e pela indistinção entre domínio privado e domínio público. Esta minha infelicidade não esconde lágrimas pela humanidade.

Espero que compreendam esta dor de um inconformado e incurável sonhador que o PIB per capita ainda não enganou.