quinta-feira, 30 de julho de 2009

Primeiro Passo...



Numa leitura retrospectiva do meu blog, desde a sua existência, deparei-me com uma lacuna imperdoável. Com efeito, ainda não escrevi até à data qualquer post referente à cultura musical. Com a agravante de eu ser um melómano, amante de vários géneros rítmicos.

Neste contexto, resolvi então abordar o tema referido, publicitando um rapper da linha de Sintra que me parece ter um futuro risonho no caso de estar disposto a trabalhar arduamente. Refiro-me a Mr.Og, uma voz da linha de Sintra que transpira talento e inovação num flow ousado e característico que promete marcar o panorama do Hip-Hop português.

O seu primeiro álbum denomina-se "Primeiro Passo", sendo que a nomenclatura da sua primeira obra baseia-se precisamente na sua primeira experiência num disco a solo. É um álbum egocêntrico, inspirado na musicalidade americana do ramo, mas com traços de originalidade. Na minha opinião, e aproveitando a celebração da chegada da humanidade à lua, espero que este seja um pequeno e primeiro passo para o Mr.Og e um grande salto para o rap português.

A apresentação do álbum será dia 8 de Agosto, na loja The Lab no Chiado, entre as 17 e as 19h. Deixo-vos então um cheirinho do "Primeiro Passo" e uma entrevista aos dois membros fundadores da Big Big Family: King Gi e Mr.Og.














P.S: Não queria, contudo, deixar de referir a crew a que pertence: a BigBig Family. Esta é composta por nomes sonantes e promissores como King Gi, Yannick Tdm, ThugPaxion, Pina G, G-Fema, Mr.Og, Xpress, B-Jay, D-Show e Martinho. Um grupo que espero futuramente ter o gosto e a oportunidade de voltar a centrar as minhas atenções.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Somos animais ideológicos...


A palavra ideologia é talvez o conceito mais deturpado, mal-compreendido e odiado pelos que se assumem como apolíticos ou mesmo anti-políticos. É, segundo estes, a doença que provoca a formatação, que nos impossibilita de convergir numa só direcção em prol do progresso a uma só voz. É, na senda de Francis Bacon, um conjunto de ídolos que nos impedem de atingir a verdade científica.

Contudo, eu discordo totalmente desta visão. A nível científico - e antes de abordar o relativismo científico de Popper ou o historicismo de Thomas Kuhn -, porque sou apologista da visão subjectiva da ciência, numa teoria crítica do conhecimento própria da revolução copernicana da ciência operada por Immanuel Kant. Eu explico: o objecto em estudo está dependente dos nossos valores e crenças, da nossa sensibilidade e do nosso entendimento. Existe assim um conhecimento a priori que é depois testado pelo empirismo a posteriori. A nível socio-político, porque simplesmente somos parciais nas nossas posições devido ao modo como observamos os factos. Estas premissas são a base da minha defesa das ideologias.

Primeiro, desmistifiquemos a terminologia. Num sentido lato, pode ser simplificada como sendo uma hierarquização de valores que nos molda a visão que possuímos do mundo. No sentido mais específico do termo, podemos referir como a aplicação da doutrina na nossa realidade, dotada de um sistema de causa-efeito com peso social.

Com esta definição, os leitores poderão questionar-se se eu não estarei a insinuar que todos nós somos seres possuidores de ideologia. Nada mais acertado. Com efeito, não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar na isenção humana. Cada um de nós possui os seus princípios intrínsecos formulados em prioridades, valores e crenças que gostaríamos que assentassem no mundo.

O que acontece é que existem várias ideologias, sendo que muitas nem as associamos ao fenómeno ideológico como o Ecologismo, por exemplo.

Esta minha posição em relação ao tema discorrido tem encontrado ao longo da história, várias correntes opositoras como o nihilismo, o positivismo ou mesmo as teorias do crepúsculo das ideologias. Todavia referir-me-ei a elas numa outra ocasião. Por agora, queria apenas elucidar a presença das ideologias em todos os domínios humanos, seja na ciência ou na política (inclusive em opções que parecem meramente técnicas). Afinal de contas, somos animais ideológicos.



Imagem: Capa do álbum lançado em 1988 pelo cantor de rock brasileiro Cazuza.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O voo do gavião

(da esquerda para a direita: Nélson, Frederico, Nuno, Costa, Tocha e Fábio)


"Meus amigos, esta taça não é apenas um pedaço de metal. Nela estão contidos suor, lágrimas, esforço e dedicação. Ultrapassámos muitos obstáculos. Mas como uma vez me disseram: as gaivotas só repousam para se lançarem em novos voos. Nós não somos gaivotas mas somos os gaviões,
e somos os maiores!"



A palavra futebol nas elites das transacções milionárias e das cotações dos seus agentes, por vezes ofusca a mais bela propriedade do futebol amador: o Sonho ou, se preferirem, a capacidade de abstracção da realidade. Por futebol amador, entenda-se provindo do verbo amar.

Este é o panorama superficial, puro e duro com que nos deparamos. É a (ir)realidade de assistirmos à equivalência de protagonistas de negociatas, que pretendem igualar o protagonismo de um golo de belo efeito a um valor astronómico agitador do mercado de jogadores. Talvez seja mesmo a lei da complexidade crescente aplicada ao futebol, com o surgimento de novos actores - muitos deles corporações económicas - e com a emergência dos clubes-empresas, enquanto outras colectividade com menor propensão para o mercado desaparecem, embora possuam tradição e simbolismo. Já não são os pés sonhadores do menino Ronaldo que jogam, são as suas Mercurial Vapor coloridas.

Contudo, existe um rectângulo localizado num outro planeta futebol, cuja paixão pelo jogo em si, não desaparece. É o planeta daqueles que inclusivamente pagam para jogar, na esperança que o seu contributo embeleze o futebol. Diria mesmo, que é o conjunto de equipas formadas pela emoção e imaginação moldadas em corpos humanos.

Neste mundo novo a que me refiro, descobri nos meus colegas de equipa dos Gaviões, esse futebol em estado puro, dos grandes golos e da grande atitude, em prol de uma vitória que não nos garante prémios milionários. Com efeito, garante-nos honra e reconhecimento, uma recompensa sem valor, porque não há dinheiro que nos compre o amor pelo jogo, entenda-se amadorismo.

Por isso afirmo que, os meus verdadeiros heróis futebolísticos são os meus amigos dos Gaviões, porque foram eles que me provaram que o futebol não tem credos, etnias, religiões ou estratos sociais. São jogadores que depositam em cada jogada, a esperança de um dia melhor, a evasão e abstracção da realidade, o Sonho. Eles sim, demonstraram-me que é possível sobreviver aos problemas e viver em campo sob laços de companheirismo.

Os Gaviões encarnam esta bela citação de Marcel Proust: "Mais vale sonharmos a nossa vida do que vivê-la, embora vivê-la seja também sonhar", dado que repousam na vida para se lançarem em novas conquistas que alimentam, pois são Gaviões que voam com os pés bem assentes na terra.

Em homenagem a eles coloco este texto aqui, porque me fizeram acreditar no contratualismo de Rousseau numa vertente futebolística: foi a estrutura social que corrompeu o Homem, inocente por natureza. Neste caso, foi o profissionalismo, a mercantilização e os jogos de poder presentes no federalismo deste desporto, que apagaram a paixão. Podemos voltar ao estado de natureza? Não. Mas podemos devolver o futebol a outros gaviões, para que o voo envolto num sonho, regresse.





P.S: Dedico este texto à minha equipa dos Gaviões. Espero que consigam concretizar todos os vossos objectivos, porque talento e paixão não vos falta.

P.S 2: A Taça que vencemos prova que, com determinação e vontade, tudo conseguimos. Espero que absorvam esta lição.

P.S 3: Gostaria de agradecer à minha professora Cândida, de História do 9ºano, esta bela frase das gaivotas, proferida na despedida dos seus alunos que iriam voar para um novo ciclo de estudos. Só agora dou real valor a essa citação.