sexta-feira, 5 de março de 2010

Prioridades...



Deixem-me falar-vos em clichés. Os clichés são inúmeras vezes suportes do politicamente correcto ou do pouco aprofundamento reflexivo em relação a determinada temática. No entanto, e analisando a presente situação do país nas suas mais variadas vertentes, tenho de aplicar um: «a vida é feita de prioridades». E não tenho outro remédio senão hierarquizar os problemas deste nosso cantinho à beira-mar plantado.

Vejamos alguns dos problemas actuais da nossa sociedade: implicações da austeridade do futuro programa do PEC, pressões dos mercados internacionais sobre a nossa dívida externa, efeitos ruinosos da catástrofe natural ocorrida na ilha da Madeira em vidas humanas e prejuízo financeiro, a assustadora taxa de desemprego e...o suposto 'polvo' que visava tentacular os órgãos de comunicação social portugueses, agora averiguado por uma comissão ética.

Em relação aos fenómenos relatados, quase me apetece desafiar o leitor a jogar ao "elemento que não se coaduna com os restantes". Talvez este exercício facilite o vislumbre daqueles que considero os verdadeiros desafios que Portugal enfrenta e para os quais devemos estar atentos.

Não, não é que considere que a manipulação da imprensa não é um obstáculo grave à democracia de opinião prevista na Constituição. A questão é como tem sido tratado o escândalo pelas próprias figuras envolvidas no processo. A abordagem que tem sido feita não me agrada minimamente e desmotiva-me de tentar encontrar uma resposta para as interrogações que guardo face a esta temática.

Por esta razão ignoro as chamadas do primeiro-ministro para o Rei Juan Carlos, até porque aconselho a que estes devam ter em mente outras prioridades.

3 comentários:

A disse...

Acabei de ler um artigo no blogue "The Cat scats" que vai ao encontro do que aqui referes. É que o grande problema desta promiscuidade entre políticos e media consiste também no facto de todos terem telhados de vidro. Podia começar para aqui a contar histórias do PREC; ou falar da pressão exercida pelo PSD, quando Cavaco era 1º Ministro, na TSF, por exemplo; ou das pressões exercidas por vários líderes de esquerda em jornais como o Diário Notícias; etc.; etc.
Por outro lado, existem as pequenas chantagens dos jornalistas em relação aos políticos: «Ou me dás uma "caixa", ou publico o acontecimento XPTO a teu respeito /sobre o teu partido.»
E são comportamentos (de uns e de outros),infelizmente, comuns a uma imensidão de países.
A questão é que, no meio deste jogo, o que é verdadeiramente importante - o estado em que o país se encontra - acaba por ser um "fait divers".
Os media têm, de facto, um grande poder. Por alguma razão, quando o cidadão comum quer assegurar que fala verdade, declara: «Vi na televisão» ou «Li no jornal». Mas o que importa cada vez mais perceber é que nem tudo o que se lê e vê é "verdade". Pode ser uma verdade "truncada"; uma frase fora de contexto; e, bolas, todos temos direito a atirar umas patacuadas com os amigos, sem termos que estar preocupados em verificar se estamos a ser escutados. Tem que haver equilíbrio e bom senso nisto tudo,coisa que rareia...

Teresa Santos disse...

Penso que o desnorte, o desvario, "a fuga para a frente", -tudo isto vindo dos mais diversos quadrantes -, formam um triângulo onde encontrar prioridades se revela uma missão impossível...

Ana Paula Sena disse...

Quando o caos ameaça dominar, é importante organizar as ideias de modo sólido. A hierarquização dos acontecimentos, é, sem dúvida, um elemento importante para tal.

Infelizmente, há muita gente que entrega em mãos alheias a sua visão da realidade, prioridades incluídas.