segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Discriminação VS Integração Social" ou "O Pessimismo Antropológico VS Emílio"




Uma crise económico-social abala a estrutura social no seu todo. Os seus efeitos nefastos nos bolsos de cada um, têm o condão de soar o alarme em outros domínios da vida colectiva como a segurança. Por sua vez, esta tem sido reflectida no âmbito da sua remediação em detrimento da sua prevenção, ignorando a capacidade humana de socialização e vizinhança enquanto modo de lidar com actividades à margem da lei.

O perfil de parte da população que comete actividades criminais pode ser desenhado da seguinte forma: jovens nacionais ou imigrantes vivendo uma situação problemática. É neste grupo populacional que centrarei o meu texto.

Em relação à juventude no seu sentido transversal e abrangente de todas as nacionalidade cá presentes, a minha primeira prioridade vai para a instrução e qualificação profissional. Em relação à educação, a minha posição coaduna-se coma defesa da gratuitidade até ao término da licenciatura. Na verdade, as bolsas de estudo aos alunos mais carenciados já não chega pois numa situação de crise em que vivemos, estes assumem um número elevado e não são poucos os que realizam um esforço hercúleo no sentido de conseguirem pagar os estudos. Eu tenho conhecimento de causa de terceiros. Para além disso, é gritante a falta de apoio ao primeiro emprego, principalmente agora que o processo de Bolonha retirou o estágio integrado da licenciatura, reduzida a mera plataforma de acesso ao mestrado. Os apoios institucionais são alguns mas pouco publicitados e os poderes locais no máximo da sua dedicação tentam parcerias que garantam gabinetes de inserção profissional e outros cursos que enriqueçam o currículo profissional e estágios profissionais. Porém, a realidade prova que é necessário mais, e a Regionalização - ou uma maior descentralização do poder -, enquanto modo de administração mais centrado nas especificidades de cada região, poderia constituir um próximo passo necessário para atender aos seus problemas característicos, solucionando-os com maior autonomia e com ferramentas suficientes na atracção do investimento e da população.

Em segundo lugar, a a cultura e o lazer também assumem uma importância fundamental na promoção de uma vida mais regrada e feliz para os jovens, podendo muitas vezes evitar trajectos de criminalidade. É imprescindível que os espaços verdes sejam valorizados e os espaços requalificados, para além da promoção do desporto - uma autêntica escola da vida. Uma Casa da Cultura em cada freguesia onde existissem múltiplas actividade que promovessem o encontro inter-geracional e étnico, é um sonho meu que julgo poder um dia ser realizado. Alguns poderão pensar ser uma loucura, mas essa loucura tenderá a ser designada esforço e dedicação quando concretizada. Para terminar, deveriam existir espaços abertos 24 horas, onde os jovens pudessem estudar.

Neste panorama da inserção social, quero também referir-me à particularidade da imigração.

Na entrega formal da Carta Estratégica para Lisboa 2010 - 2024, as palavras do arqt.º Jaime Lerner (consultor das Nações Unidas para Assuntos Urbanos) sobre os desafios actuais das cidades desenvolvidas centraram-se em três questões essenciais: mobilidade, sustentabilidade e sócio-diversidade, realçando a importância de uma política que promova a tolerância da diversidade. De entre estes três tópicos, interessa-me obviamente abordar especificamente o terceiro.

Na minha opinião, o fenómeno da globalização está a colocar o desafio da multiculturalidade às principais pólis mundiais, destinos de imigração de milhares de pessoas provindas maioritariamente de países subdesenvolvidos. A estratégia de integração em muitos casos resultou numa exclusão social das minorias étnicas ou num realojamento em bairros sociais. Esta situação poderia ter sido evitada ou amenizada com uma outra resposta a nível habitacional. Com efeito, defendo que o realojamento dos imigrantes e de outras minorias étnicas deveria ter sido efectuada com base na dispersão de fogos presentes numa determinada cidade, obrigando a convivência de todos os estratos sociais da população. Mas sendo realidade a presença de inúmeros bairros problemáticos, deveriam ser criadas várias comissões especializadas de apoio aos residentes destes, de modo a auscultar os seus problemas.

No campo da imigração devem ser criados ainda mais delegações do SEF e apostar na interculturalidade, tentando unir e valorizar as diferentes etnias presentes em cada autarquia em eventos culturais e festivos.

Estas minhas sugestões assentam na minha crença no Contrato Social de Jean-Jacques Rousseau. O Homem é naturalmente ingénuo e alvo da corrupção presente na sociedade, podendo ser salvo na sua bondade e genuinidade através da educação. Esta minha visão inspirada na obra Emílio choca com aquela visão deturpada e pouco humanizada que consideram que a criminalidade é apenas fruto da maldade inerente ao homem que pretende ser lobo de outro. Não creio nisto nem no pecado original que defende que o homem é pecaminoso desde a tentação de Eva. Acredito sim num Homem que pode evoluir se tiver condições e oportunidades para isso, porque "A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável".








Imagem: Jean-Jacques Rousseau

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Primeiro Passo...



Numa leitura retrospectiva do meu blog, desde a sua existência, deparei-me com uma lacuna imperdoável. Com efeito, ainda não escrevi até à data qualquer post referente à cultura musical. Com a agravante de eu ser um melómano, amante de vários géneros rítmicos.

Neste contexto, resolvi então abordar o tema referido, publicitando um rapper da linha de Sintra que me parece ter um futuro risonho no caso de estar disposto a trabalhar arduamente. Refiro-me a Mr.Og, uma voz da linha de Sintra que transpira talento e inovação num flow ousado e característico que promete marcar o panorama do Hip-Hop português.

O seu primeiro álbum denomina-se "Primeiro Passo", sendo que a nomenclatura da sua primeira obra baseia-se precisamente na sua primeira experiência num disco a solo. É um álbum egocêntrico, inspirado na musicalidade americana do ramo, mas com traços de originalidade. Na minha opinião, e aproveitando a celebração da chegada da humanidade à lua, espero que este seja um pequeno e primeiro passo para o Mr.Og e um grande salto para o rap português.

A apresentação do álbum será dia 8 de Agosto, na loja The Lab no Chiado, entre as 17 e as 19h. Deixo-vos então um cheirinho do "Primeiro Passo" e uma entrevista aos dois membros fundadores da Big Big Family: King Gi e Mr.Og.














P.S: Não queria, contudo, deixar de referir a crew a que pertence: a BigBig Family. Esta é composta por nomes sonantes e promissores como King Gi, Yannick Tdm, ThugPaxion, Pina G, G-Fema, Mr.Og, Xpress, B-Jay, D-Show e Martinho. Um grupo que espero futuramente ter o gosto e a oportunidade de voltar a centrar as minhas atenções.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Somos animais ideológicos...


A palavra ideologia é talvez o conceito mais deturpado, mal-compreendido e odiado pelos que se assumem como apolíticos ou mesmo anti-políticos. É, segundo estes, a doença que provoca a formatação, que nos impossibilita de convergir numa só direcção em prol do progresso a uma só voz. É, na senda de Francis Bacon, um conjunto de ídolos que nos impedem de atingir a verdade científica.

Contudo, eu discordo totalmente desta visão. A nível científico - e antes de abordar o relativismo científico de Popper ou o historicismo de Thomas Kuhn -, porque sou apologista da visão subjectiva da ciência, numa teoria crítica do conhecimento própria da revolução copernicana da ciência operada por Immanuel Kant. Eu explico: o objecto em estudo está dependente dos nossos valores e crenças, da nossa sensibilidade e do nosso entendimento. Existe assim um conhecimento a priori que é depois testado pelo empirismo a posteriori. A nível socio-político, porque simplesmente somos parciais nas nossas posições devido ao modo como observamos os factos. Estas premissas são a base da minha defesa das ideologias.

Primeiro, desmistifiquemos a terminologia. Num sentido lato, pode ser simplificada como sendo uma hierarquização de valores que nos molda a visão que possuímos do mundo. No sentido mais específico do termo, podemos referir como a aplicação da doutrina na nossa realidade, dotada de um sistema de causa-efeito com peso social.

Com esta definição, os leitores poderão questionar-se se eu não estarei a insinuar que todos nós somos seres possuidores de ideologia. Nada mais acertado. Com efeito, não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar na isenção humana. Cada um de nós possui os seus princípios intrínsecos formulados em prioridades, valores e crenças que gostaríamos que assentassem no mundo.

O que acontece é que existem várias ideologias, sendo que muitas nem as associamos ao fenómeno ideológico como o Ecologismo, por exemplo.

Esta minha posição em relação ao tema discorrido tem encontrado ao longo da história, várias correntes opositoras como o nihilismo, o positivismo ou mesmo as teorias do crepúsculo das ideologias. Todavia referir-me-ei a elas numa outra ocasião. Por agora, queria apenas elucidar a presença das ideologias em todos os domínios humanos, seja na ciência ou na política (inclusive em opções que parecem meramente técnicas). Afinal de contas, somos animais ideológicos.



Imagem: Capa do álbum lançado em 1988 pelo cantor de rock brasileiro Cazuza.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O voo do gavião

(da esquerda para a direita: Nélson, Frederico, Nuno, Costa, Tocha e Fábio)


"Meus amigos, esta taça não é apenas um pedaço de metal. Nela estão contidos suor, lágrimas, esforço e dedicação. Ultrapassámos muitos obstáculos. Mas como uma vez me disseram: as gaivotas só repousam para se lançarem em novos voos. Nós não somos gaivotas mas somos os gaviões,
e somos os maiores!"



A palavra futebol nas elites das transacções milionárias e das cotações dos seus agentes, por vezes ofusca a mais bela propriedade do futebol amador: o Sonho ou, se preferirem, a capacidade de abstracção da realidade. Por futebol amador, entenda-se provindo do verbo amar.

Este é o panorama superficial, puro e duro com que nos deparamos. É a (ir)realidade de assistirmos à equivalência de protagonistas de negociatas, que pretendem igualar o protagonismo de um golo de belo efeito a um valor astronómico agitador do mercado de jogadores. Talvez seja mesmo a lei da complexidade crescente aplicada ao futebol, com o surgimento de novos actores - muitos deles corporações económicas - e com a emergência dos clubes-empresas, enquanto outras colectividade com menor propensão para o mercado desaparecem, embora possuam tradição e simbolismo. Já não são os pés sonhadores do menino Ronaldo que jogam, são as suas Mercurial Vapor coloridas.

Contudo, existe um rectângulo localizado num outro planeta futebol, cuja paixão pelo jogo em si, não desaparece. É o planeta daqueles que inclusivamente pagam para jogar, na esperança que o seu contributo embeleze o futebol. Diria mesmo, que é o conjunto de equipas formadas pela emoção e imaginação moldadas em corpos humanos.

Neste mundo novo a que me refiro, descobri nos meus colegas de equipa dos Gaviões, esse futebol em estado puro, dos grandes golos e da grande atitude, em prol de uma vitória que não nos garante prémios milionários. Com efeito, garante-nos honra e reconhecimento, uma recompensa sem valor, porque não há dinheiro que nos compre o amor pelo jogo, entenda-se amadorismo.

Por isso afirmo que, os meus verdadeiros heróis futebolísticos são os meus amigos dos Gaviões, porque foram eles que me provaram que o futebol não tem credos, etnias, religiões ou estratos sociais. São jogadores que depositam em cada jogada, a esperança de um dia melhor, a evasão e abstracção da realidade, o Sonho. Eles sim, demonstraram-me que é possível sobreviver aos problemas e viver em campo sob laços de companheirismo.

Os Gaviões encarnam esta bela citação de Marcel Proust: "Mais vale sonharmos a nossa vida do que vivê-la, embora vivê-la seja também sonhar", dado que repousam na vida para se lançarem em novas conquistas que alimentam, pois são Gaviões que voam com os pés bem assentes na terra.

Em homenagem a eles coloco este texto aqui, porque me fizeram acreditar no contratualismo de Rousseau numa vertente futebolística: foi a estrutura social que corrompeu o Homem, inocente por natureza. Neste caso, foi o profissionalismo, a mercantilização e os jogos de poder presentes no federalismo deste desporto, que apagaram a paixão. Podemos voltar ao estado de natureza? Não. Mas podemos devolver o futebol a outros gaviões, para que o voo envolto num sonho, regresse.





P.S: Dedico este texto à minha equipa dos Gaviões. Espero que consigam concretizar todos os vossos objectivos, porque talento e paixão não vos falta.

P.S 2: A Taça que vencemos prova que, com determinação e vontade, tudo conseguimos. Espero que absorvam esta lição.

P.S 3: Gostaria de agradecer à minha professora Cândida, de História do 9ºano, esta bela frase das gaivotas, proferida na despedida dos seus alunos que iriam voar para um novo ciclo de estudos. Só agora dou real valor a essa citação.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Ideias Soltas: Extinção das funerárias


Não sou um comunista nem um radical de esquerda, mas devo manifestar a minha concordância com uma célebre frase de Marx: "O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a". Com efeito, cada vez raciocino mais numa lógica sociológica marxiana de uma Infra-estrutura constituída pelas relações de propriedade e produção, sendo que a classe dominante influencia toda a Superestrutura social mediante a sua ideologia, alienando todas as vertentes da vida colectiva.

Esta formação ideológica materialista está bem patente nas funerárias. Se o Capitalismo apela ao lucro através de negócios que muitas vezes provocam o sofrimento de vivos, então que dizer de uma empresa que lucra através da morte? De alguém cuja fonte de rendimentos depende do falecimento de pessoas, muitas vezes moradoras no mesmo local ou freguesia? Já para não falar nas negociatas com os hospitais, como forma de manter receitas avultadas.

O meu cristianismo recorda-me que todos somos iguais perante Ele, na hora do destino ajustar contas connosco. Se isto é verdade, então qual a razão que suporta a diferença de tratamento nos funerais? O dinheiro? Sem dúvida, experimentem visionar um cemitério de uma perspectiva abrangente e reparem que as campas condizem bastante com o estrato social do falecido.

Defendo, por isso, o igual tratamento na hora fatídica, num evento realizado pela autarquia ou concelho, cujo preço deveria rondar apenas o seu custo de produção, para não se verificar, como Santo Agostinho afirmara, que "os preparativos do funeral, a escolha do túmulo, a pompa fúnebre, mais do que homenagem ao morto, são consolo para os vivos".


imagem: António (cartoonista Expresso).

terça-feira, 31 de março de 2009

Idealismo



Sim sou idealista, o que pode parecer louco em maré de pragmatismo e descrença mundiais. No entanto, sei que se não fosse o Sonho de Luther King e Nelson Mandela ou o Amor de Ghandi e Madre Teresa de Calcutá, ainda que não tenham tornado o mundo num paraíso, tornaram-no um local melhor.

É bom que exista o idealismo e a vontade d'Ele, nem que seja para servir de antítese à civitas diaboli em que vivemos, e permita a realização de um Espírito, de um Geist, que nos faça progredir para um estágio melhor que o anterior.


imagem: 1st Place: Alanzo Moreno and Jonathan Bout, Damien High School, La Verne, CA

segunda-feira, 23 de março de 2009

"A chapada da mão invísivel" e "PSD - Popularucho, Só e Direitista"




«Não tenho estado contra o investimento público, mas contra algum investimento público. Há investimento público de proximidade, que não tem componentes importadas, que não tem encargos para orçamentos futuros e que utiliza mão de obra nacional e que tem efeitos imediatos para o crescimento, com certeza que ninguém está contra ele.»

Manuela Ferreira Leite, líder do PSD



A Humanidade assiste a mais um crash provindo do american business way de Wall Street que tem devastado o mundo e, por conseguinte, a Europa, exceptuando casos como a Eslováquia e a Polónia. A sua origem, à semelhança de 1929 prende-se com o laissez-faire do Marquês de Argenson, desta feita revestido no neo-liberalismo de Milton Friedman, aplicado outrora pela dama de ferro e pelos Chicago boys, compañeros de Pinochet. Com efeito, George Bush foi apenas mais um utilitarista aplaudido pelos gestores e especuladores da Bolsa, que seguiu uma linha económica Lehmann Brothers mais individualista e quase nozickeana, que despreparou uma sociedade, contra a "Teoria da Justiça" de Rawls que agora é relembrado com o Yes, we can de Barack Obama, e oposta ao intervencionismo de Cambridge. Afinal o véu de ignorância deve ser respeitado e aplicado bem como o controlo da economia em sectores estratégicos.

O resultado de tal desregulação que permitiu aos Maddoff's arruinarem inúmeras famílias, permitem pelo menos agora uma nova discussão que nos permita alcançar patamares de entendimento globais que permitam colocar nomos na oikos. Deve ser discutida uma solução que permita não só a resolução da crise a curto como a longo prazo, uma resolução estrutural que permita às famílias defenderem-se do espirro americano, epicentro de todos os sismos capitalistas.

A grande mudança das estruturas ainda agora começou com reuniões do G-20 a aguçar o apetite, e com a proposta dos bancos a comprarem activos tóxicos por parte de Obama. Todavia são já notadas medidas conjunturais de combate à crise que espelham bem a tendência intervencionista e esquerdista de lidar com a ruína humana. Como exemplo temos as nacionalizações do sector bancário, a ajuda às empresas, e o reforço do Estado-Social. Parece que afinal o New Deal e o Keynesianismo não deveriam ter sido esquecidos como reprimenda de uma mãozinha invísivel marota, à moda de Adam Smith.

Em Portugal como em outros países, o panorama tem sido este, embora com propostas que divergem da Esquerda e da Direita do espectro político. Porém, sejam quais forem as opiniões, a Europa e o Uncle Sam, assim como os principais nomes da economia mundial alertam para o facto do perigo do proteccionismo que pode colocar em risco pequenas economias do ponto de vista mundial como a portuguesa.

O mercantilismo moderno, juntamente com o clima pesado da crise representam muitas vezes um perigo de nacionalismo primário.

Neste quadro que aqui foi desenhado, aparece a Dra. Manuela Ferreira Leite. A líder laranja, presente em Paris, num discurso a puxar para o populismo de exaltação patriótica dos emigrantes, profere aquilo que citei acima. O que representa um erro grosseiro não perdoável com a desculpa das más interpretações. Aliás, estas "pérolas" da antiga ministra das finanças não são raras infelizmente. Lembrarei que esta senhora é da opinião que o investimento público apenas emprega PALOP's, que necessitamos de uma ditadura temporária para colocar o país em ordem, que a comunicação social não deve escolher a emissão do seu noticiário - dêem-lhe o lápis azul por favor - e agora, para espanto dos mais desatentos, que o país só deve empregar mão nacional sem componentes importadas. Agora lembrem-se da situação vivida pelos portugueses em Inglaterra para avaliar estas declarações. Para piorar, o que seria de nós sem as contribuições dos imigrantes para a produtividade e contabilidade nacionais! É a campanha "Portugal para os portugueses"? É o "Orgulhosamente Sós"? Para primeira-ministra não sei, mas para líder do PNR, encontra-se muito bem lançada!

O Capitalismo é um paradigma quase que irrefutável, que venceu a guerra-fria do colectivismo - embora permaneçam alguns focos de guerrilha -, e que se apresenta como a melhor solução na distribuição dos recursos escassos. No entanto, este deve ser corrigido e direccionado para o bem-comum, deve complementar a necessidade do mercado externo das pequenas potências externas com a preocupação social. No fundo deve, num elogio aristotélico, ser moderado, para que impeça que um inimigo invísivel nos tenha na sua mão.



imagem: www.sergeicartoons.com