terça-feira, 17 de março de 2009

Joseph Fritzl: A outra derrota da modernidade


O dossier azul com que esconde o rosto, não encobre a verdadeira face de Joseph Fritzl, o homem que relembrou-nos que o progresso humano incessante, não passa apenas de um mito, a esperança infundada de uma humanidade que, no ritmo alucinante deste mundo globalizado e portador de nova crise made in EUA, acredita na evolução do globo para uma nova era.

Este senhor teve o condão de demonstrar o quão essas pessoas se iludem. Os crimes monstruosos não são apenas fruto na necessidade ou dos instintos, são afinal também frutos da Razão . Na verdade, os pais da democracia Voltaire, Montesquieu ou Locke, mas principalmente autores como Kant, não fazem qualquer sentido quando revemos documentários afectos ao Holocausto ou lemos noticiários deste caso austríaco.

O Homem afinal não faz uso da Razão apenas para seu desenvolvimento e, por conseguinte, dos seus próximos. Não são os seus desejos de progresso científico que o despertam para uma noção de humanidade, ou o seu imperativo categórico kantiano que acaba por uniformizar as acções bondosas do ser-humano. Não, não e não! O ser-humano é também capaz de elaborar tecnologia que prossiga objectivos monstruosos que envolvam o extermínio ou genocídio. É capaz de de se desumanizar, é talvez capaz de nos demonstrar o nihilismo de Nietzche, que "Deus morreu", mas principalmente que "o Homem morreu", como defendera o estruturalismo francês, fruto das relações sociais opressoras que nos constituem e nos influenciam, fruto da nossa vontade de poder segundo Foucault.

Por isso penso ambiguamente acerca do Homem porque, se até Anne Frank acreditava, apesar de tudo, na bondade humana, e se a minha crença também reside na utopia do Tratado da Paz Perpétua e na minha fé cristã, então devo acreditar como Confúcio, que todo o homem pode ser bom. Contudo outra lição filosófica se impõe com base no pessimismo antropológico de Hobbes: "o homem é o lobo do homem".

Sem comentários: